Aconteceram tantas coisas...

Aconteceram tantas coisas nesses ultimos dias. Vou tentar comecar pelo comeco, como as vezes falamos.

No sabado, 19.08, fomos a um encontro de moradores no bairro onde mora a irma de Yara. Eles fazem sempre esses encontros, algo pra integrar os vizinhos. Cada morador leva uma comida diferente. Eu pensei que essa comida seria colocada numa mesa central e todos poderiam comer mas cada familia leva a sua comida. Achei um pouco estranho mas aqui tem tanta coisa estranha, penso eu. Mesmo assim foi legal. E como esse mes eles comemoram a festa da lagostinha, Angela levou um prato de lagostinha, feijao macassa, arroz. Enfim, a comida estava deliciosa. Ate dancamos um pouco.

No domingo, 28.08, fomos a Falun, uma cidade ha 20 minutos daqui. Foi um otimo domingo, passeamos no centro, subimos e descemos ladeira. Um pouco parecido com o Recife Antigo e Olinda. E como sempre, tirei muitas fotos.

Na quarta, 30.08, fomos a Orebro, cidade onde Yara iria ser operada. Uma amiga foi conosco pois nao sabiamos se eu poderia dormir no hospital, e se nao pudesse ela ficaria comigo num hotel. Mas gracas a Deus, pude dormir no hospital. A cirurgia foi super rapida, meu amor ficou algumas horas na sala de recuperacao e depois foi pro quarto, pro "nosso quarto". A nossa amiga voltou pra Borlange, mas passou o dia conosco no hospital. Uma grande amiga. Voltamos pra casa no dia seguinte, Yara estava bem. Chegamos em casa, ela com um pouco de dor mas normal. Comecamos a maratona da tabela de remedios. Remedios durante o dia, e de madrugada tambem. Nao podia comer, so beber. No dia seguinte, na quinta, o medico ligou pra saber como ela estava. Comeca ai meu desespero. Confesso que pra mim nao foi surpresa como cuidar dela, ja fiz isso no Brasil com a minha mae, mas comecou a ficar dificil pra mim quando ela comecou a chorar com muitas dores, os remedios sem adiantar nada e eu sem saber o que fazer. Comecei a entrar em desesepero. Desespero por ve-la com dores e nao saber o que fazer. Desespero por nao saber falar o sueco. O ingles que sei nao seria suficiente pra falar com o medico e o que sei tenho esquecido. As vezes tento pensar em ingles mas algumas palavras so vem em sueco, entao fica aquela misturada. Mesmo sem poder falar direito ela teve que falar. Mesmo com dores, ela conversou com o medico que passou um anestesico, que tambem depois nao adiantou de muita coisa. As vezes ela se sentia melhor, pedia comida, mas depois as dores comecavam novamente. Tentei postar algo enquanto ela descansava mas ela exigia meus cuidados:um bebe precisando de cuidados. Exatamente assim que eu a vi. No sabado enquanto ela descansava um pouco liguei o pc e tentei fazer alguma coisa. Fiz uma limpeza rapida de cookies e outras coisas e nessa limpeza acabei apagando tambem todas as foto que tinha feito do encontro com os vizinhos na casa de Angela, da nossa visita a Falum e do aniversario da filhinha de uma amiga nossa (que ja mensionei aqui no blog). Fiquei super triste mas... depois voltaremos a Falun e faremos outras fotos. Coisas do cansaco. Nessa mesma noite ela ligou pro medico pois nao aguentava de tanta dor, e mais uma vez teve que falar, mesmo sem poder. Pra saberem, ela fez a retirada das amidalas. O medico passou um remedio mas ela falou que nao usaria. No domingo fomos a urgencia. La diagnosticaram que a cirurgia estava infeccionada. Somente assim o medico da urgencia passou antibiotico, que nao na altura do campeonato adiantou de muita coisa. Hoje ela acordou com mais dor ainda, chorando. Pedimos a nossa amiga pra ligar pro medico e explicar o que estava acontecendo. Ele falou que ela teria que ir a Falun. La existe um hospital central e como Orebro é muito longe, teria que ir la. Fomos e ela ficou internada. Esta com uma infeccao na garganta e tera que tomar antibioticos. Vim pra casa sozinha. Dessa vez nao pude ficar. Nossa, como é estranho voltar pra casa sozinha. E abrir a porta sozinha. O apartamento vazio. Assim que entrei liguei pra ela. Eu a amo tanto. Marquei lavanderia pra manha logo cedo. Tenho que deixar tudo limpo pra quando ela chegar, o que espero que seja logo. Enquanto escrevo esse post ela ligou pra mim. Tinha dormido um pouco e acordou com dores mas no hospital é so chamar que a enfermeira vem com mais antibiotico e ela pode descansar com mais tranquilidade (descansar em paz soa tao pesado). Estou cansada, de corpo e alma. Tenho pensado muito nesses dias em que ela esteve doente. Principalmente quando precisou falar com o medico mesmo sem poder. Quao grande dificuldade nos impoe a barreira da comunicacao. Me leva a pensar sobre o pais em que hoje vivo, as condicoes de vida aqui, e mesmo sem querer comparo com o meu pais. Moro na Europa, pais de primeiro mundo, como muitos falam, mas nao consigo me comunicar. As vezes nao vejo tanta vantagem em morar aqui com tanta dificuldade de comunicacao. Tenho minhas opinioes sobre o servico medico daqui. Nao de agora mas desde que cheguei. Nao consigo trabalhar, nao consigo nada. Sei que existem pessoas que gostariam de estar no meu lugar, mas sera mesmo verdade isso? Outro dia vou escrever sobre tudo isso que penso. Na realidade o importante agora é que ela esta sendo cuidada, medicada, e assistida. Por um lado estou tranquila. Em casa eu nao poderia dar a ela o cuidado que esta tendo la. Sei que esta bem tratada. Amanha vou visita-la mas acho que ainda nao vira pra casa. Fui a escola e pedi mais uma semana de licenca. Preciso ficar ao lado dela. Venho pedindo a Deus que ela fique boa logo. E agora mais do que nunca. Vou dormir sozinha hoje. Depois de 8 meses juntas, vamos dormir separadas. Mas sei que é pro bem dela. Precisava falar um pouco sobre isso e sei que aqui posso. Agora vou dormir. E pedir que o dia de amanha seja bem melhor que o de hoje. Beijao a todos.